Publicado em
21/03/2025
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O setor de compliance passa por uma profunda transformação em 2025. O que antes era visto como uma área reativa e voltada exclusivamente ao cumprimento de normas, hoje assume um papel estratégico na governança e na sustentabilidade das empresas.
Essa mudança é impulsionada por uma série de fatores, como o fortalecimento das regulamentações globais, a aceleração da transformação digital, o avanço da agenda ESG e a crescente preocupação com segurança da informação e proteção de dados.
Ao mesmo tempo, o cenário se torna mais complexo e desafiador. Empresas precisam lidar com exigências regulatórias cada vez mais rigorosas, responder rapidamente a riscos cibernéticos, estruturar políticas de governança socioambiental e, principalmente, engajar pessoas em uma cultura de integridade.
Nesse contexto, o papel do compliance se expande, exigindo não apenas conhecimento técnico, mas também visão estratégica, capacidade de adaptação e atuação multidisciplinar.
Neste artigo, exploramos as principais tendências e desafios do compliance para 2025 e como as organizações podem implementar boas práticas para garantir conformidade e sustentabilidade no longo prazo.
Nos últimos anos, o cenário regulatório global se tornou mais complexo e abrangente.
A regulação deixou de ser localizada e passou a ter uma natureza mais globalizada, exigindo que empresas que operam internacionalmente estejam atentas a legislações diversas e em constante atualização.
Além da criação de novas leis, o rigor na fiscalização também aumentou.
Órgãos reguladores vêm investindo em tecnologia, cruzamento de dados e ações coordenadas para identificar não conformidades com mais rapidez e precisão.
A atuação preventiva do compliance se tornou essencial para proteger as organizações contra penalidades cada vez mais severas, que incluem não só sanções financeiras, mas também a perda de credibilidade e restrições operacionais.
A principal tendência é a ampliação da regulação setorial, com destaque para exigências relacionadas à transparência, rastreabilidade e sustentabilidade.
Normas como a CSRD, que regula a divulgação de informações ESG na Europa, passam a influenciar outras regiões e impactam também empresas brasileiras com atuação global.
Além disso, há uma padronização internacional de práticas de compliance, promovida por organizações multilaterais e blocos econômicos.
O uso de fiscalizações digitais e auditorias automatizadas também ganha espaço, aumentando a eficiência dos órgãos reguladores.
O maior desafio é garantir conformidade simultânea com múltiplas jurisdições, especialmente para empresas que atuam em diferentes países ou cadeias globais de fornecimento.
Leia também: 5 sinais de que sua empresa precisa investir em Background Check
Outro ponto crítico é lidar com mudanças frequentes nas legislações, que exigem atualização constante dos programas de compliance.
Por fim, muitas organizações ainda enfrentam dificuldade em transformar essas exigências legais em políticas internas eficazes e aplicáveis.
Para lidar com esse cenário, as empresas devem investir em monitoramento regulatório ativo, utilizando ferramentas de regtech para acompanhar mudanças legais em tempo real.
Além disso, promover integração entre as áreas jurídica, financeira e de operações ajuda a internalizar as exigências regulatórias de forma eficaz e alinhada ao negócio.
A transformação digital tem impactado diretamente a maneira como o compliance é conduzido dentro das organizações.
Em 2025, tecnologias como inteligência artificial (IA), machine learning, automação de processos e análise de dados em tempo real estão sendo incorporadas de forma cada vez mais estratégica.
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Essas soluções permitem otimizar tarefas repetitivas, identificar padrões de comportamento irregulares, prever riscos e apoiar decisões com mais precisão e agilidade.
No contexto do compliance, isso significa mais eficiência na detecção de fraudes, monitoramento contínuo de riscos e auditorias automatizadas.
Softwares baseados em IA conseguem cruzar grandes volumes de informações em segundos, sinalizando inconsistências que passariam despercebidas em processos manuais.
Entre as principais tendências, destaca-se o uso de IA para análises preditivas, capazes de antecipar situações de não conformidade com base em históricos e padrões. Ferramentas de automação de auditoria também se popularizam, reduzindo o tempo e o custo das revisões internas.
Outra tendência é a adoção de dashboards integrados que reúnem dados de diferentes áreas para uma visão unificada dos riscos corporativos, facilitando a tomada de decisão pelo compliance officer.
A implementação dessas tecnologias enfrenta desafios significativos. O principal é o desequilíbrio entre eficiência e responsabilidade, já que algoritmos mal configurados podem gerar decisões enviesadas ou injustas.
Além disso, muitas organizações ainda carecem de profissionais capacitados para interpretar os resultados gerados por IA, o que pode comprometer a eficácia das análises.
Há também o desafio de garantir que essas tecnologias estejam em conformidade com normas como a LGPD e o GDPR.
Para superar esses obstáculos, as empresas devem adotar uma abordagem de governança algorítmica, garantindo que as soluções de IA utilizadas estejam alinhadas com princípios éticos e legais.
É recomendável implementar comitês interdisciplinares que envolvam compliance, jurídico, tecnologia e dados, criando critérios claros para a validação e auditoria dos algoritmos. Além disso, é essencial investir em capacitação contínua da equipe, promovendo uma cultura de inovação responsável dentro da área de compliance.
A incorporação dos critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) à estratégia empresarial deixou de ser uma escolha e passou a ser uma exigência do mercado.
Em 2025, a pressão por transparência, responsabilidade socioambiental e ética corporativa torna-se ainda mais intensa, vinda de investidores, clientes, sociedade civil e órgãos reguladores.
Neste cenário, o compliance exerce um papel fundamental, funcionando como elo entre os compromissos ESG assumidos pela organização e sua execução prática, com controle, rastreabilidade e prestação de contas.
A CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), por exemplo, exige que empresas europeias – e aquelas que atuam com elas – publiquem relatórios detalhados sobre seus impactos ambientais e sociais. No Brasil, movimentos semelhantes estão em curso, e a tendência é que a due diligence socioambiental se torne parte obrigatória dos programas de compliance, especialmente em setores como varejo, indústria, logística e agronegócio.
Entre as principais tendências estão a integração entre compliance e áreas de sustentabilidade, a criação de mecanismos de verificação de práticas ESG em fornecedores e o uso de indicadores ambientais e sociais como parte do sistema de gestão de riscos.
Outra tendência crescente é o uso de tecnologia para acompanhar, em tempo real, dados sobre emissões, inclusão, diversidade e governança, com relatórios auditáveis.
O principal desafio está na estruturação de processos confiáveis para coleta, validação e divulgação dos dados ESG, especialmente em empresas que ainda não têm maturidade ou ferramentas adequadas.
Além disso, muitas organizações enfrentam resistência interna para integrar ESG às rotinas operacionais, tratando o tema como algo isolado da estratégia de negócios.
A falta de padronização nas exigências regulatórias também gera insegurança quanto ao que precisa ser reportado e como.
Para garantir um compliance realmente alinhado ao ESG, as empresas devem estabelecer processos claros de governança socioambiental, com definição de responsabilidades, uso de indicadores consistentes e integração entre áreas como jurídico, compras, RH e sustentabilidade.
É essencial desenvolver políticas de due diligence ESG, que incluam critérios de avaliação de terceiros, e investir em ferramentas que ajudem na coleta e monitoramento de dados.
O papel do compliance aqui é fortalecer os controles e garantir que os compromissos socioambientais sejam mais do que declarações: sejam práticas sustentáveis, mensuráveis e auditáveis.
A consolidação de uma cultura de compliance eficaz vai muito além da criação de políticas e códigos de conduta.
Em 2025, o foco das organizações está voltado para a construção de um ambiente em que a ética corporativa seja vivida no dia a dia pelos colaboradores, independentemente de sua função ou nível hierárquico.
O compliance precisa deixar de ser percebido como algo burocrático e passar a ser entendido como um valor compartilhado, essencial para a reputação e sustentabilidade da empresa.
Entre as principais tendências está o uso de tecnologia para personalizar a experiência de aprendizado, com plataformas que adaptam conteúdos de compliance ao perfil e função do colaborador.
Outra tendência crescente é a gamificação, que transforma o treinamento em uma experiência interativa, com elementos de desafio, recompensa e storytelling.
Além disso, cresce o investimento em comunicação interna contínua, com campanhas de cultura ética integradas à identidade organizacional.
O principal desafio é evitar o “compliance de papel”, ou seja, aquele que existe apenas em políticas formais, mas não se traduz em comportamento prático.
Muitas vezes, há baixo engajamento dos funcionários, causado por treinamentos genéricos, linguagem inacessível ou falta de conexão com a realidade do trabalho.
Outro ponto crítico é a resistência da liderança, que, quando não está comprometida, enfraquece o exemplo e o alcance das ações.
Para superar essas barreiras, é fundamental que a liderança esteja envolvida e engajada, demonstrando na prática os valores éticos que a empresa deseja promover.
Além disso, os treinamentos devem ser frequentes, interativos e contextualizados, conectando temas de compliance às situações reais vividas pelos colaboradores.
O uso de tecnologia e métricas de engajamento também permite acompanhar o impacto das ações e fazer ajustes contínuos, garantindo que o programa seja vivo, relevante e efetivo.
A proteção de dados e a segurança da informação tornaram-se elementos centrais da estratégia de compliance em 2025.
Ao mesmo tempo, os ataques cibernéticos estão mais sofisticados e frequentes, colocando em risco a continuidade dos negócios, a reputação das marcas e a confiança dos públicos de interesse.
A regulamentação sobre o tema também evoluiu, com leis como a LGPD e o GDPR exigindo não só a adoção de medidas de segurança, mas também a comprovação de boas práticas em governança de dados.
O compliance, nesse contexto, assume a função de garantir que a empresa esteja preparada para prevenir incidentes e, caso ocorram, responder de forma rápida e eficaz.
Uma das principais tendências é a integração entre compliance, segurança da informação e TI, promovendo uma abordagem mais estratégica para a gestão de dados.
A adoção de tecnologias como criptografia avançada, autenticação multifator e soluções de monitoramento em tempo real tem sido cada vez mais comum.
Além disso, cresce o uso de programas de privacy by design, que incorporam a proteção de dados desde a criação de produtos e processos.
Entre os desafios, destaca-se a dificuldade em manter todos os colaboradores cientes das suas responsabilidades quanto à proteção de dados, especialmente em ambientes digitais e híbridos.
Também é comum que empresas subestimem o impacto de vazamentos e falhas de segurança, o que leva à ausência de protocolos claros para resposta a incidentes.
Além disso, muitas organizações ainda não estão preparadas para atender às exigências das legislações de forma estruturada, especialmente no que diz respeito à documentação de consentimentos e rastreabilidade.
Para mitigar riscos, é essencial implementar políticas robustas de segurança da informação, aliadas a programas de conscientização contínua para os colaboradores.
A realização de auditorias internas regulares, testes de vulnerabilidade e simulações de resposta a incidentes ajudam a antecipar problemas e fortalecem a maturidade digital da empresa.
O papel do compliance é garantir que essas práticas estejam alinhadas às exigências legais, documentadas e integradas ao dia a dia da organização.
O cenário de compliance em 2025 é marcado por avanços significativos e exigências cada vez maiores.
Ao longo deste artigo, exploramos cinco grandes frentes que definem o presente e o futuro da área: o crescimento da regulação global e o aumento da fiscalização, a transformação digital e o uso da inteligência artificial, a integração da agenda ESG aos programas de conformidade, o fortalecimento da cultura ética nas organizações e a prioridade dada à proteção de dados e à segurança cibernética.
Cada um desses temas traz consigo tendências inovadoras e também desafios práticos que exigem atenção e preparo por parte das empresas.
A complexidade do ambiente regulatório, a velocidade das mudanças tecnológicas e as novas expectativas da sociedade tornam indispensável uma atuação de compliance mais estratégica, integrada e orientada por dados.
Diante desse cenário, a adaptação constante deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade.
Organizações que investem em tecnologia, governança, capacitação e cultura ética estarão mais bem posicionadas para mitigar riscos, atender às exigências legais e conquistar a confiança de seus públicos.
Em um mercado cada vez mais competitivo e transparente, o compliance é, mais do que nunca, um diferencial para o crescimento sustentável.
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Monise Soares
Estagiária de Marketing com foco em Produção de Conteúdo sobre Gestão de Riscos na BGC Brasil e estudante de Marketing Digital no Centro Universitário Internacional (UNINTER).
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